sexta-feira, 4 de março de 2011


EXPLICANDO: “OS DOIS MATO GROSSO”

                      Edson C Contar



De acordo com o tratado de Tordesilhas, toda esta região seria posse de Espanha e seríamos mais um País de língua espanhola ou parte do Paraguai.
Em 1822 foi criada a Província de Mato Grosso.
Já naquela época as primeiras tentativas de dividir o extenso terrirório que ocupava a província foram sufocadas.
Daí por diante, inúmeros projetos e estudos foram feitos.
Em 1849, o memorial orgânico do Barão de Varnhagem, criava no sul da Província de Mato Grosso, uma divisão autônoma denominada “Departamento de Camapuã”...
Outras tentativas ocorreram em 1870 (Tavares Bastos), cujo projeto dividia o Mato Grosso em cinco unidades, ficando a região do, hoje, Mato Grosso do Sul ,com a denominação Alto Paraná.
Em 1880, Fausto de Souza apresenta a tese sobre divisão territorial do Brasil na qual seriam criadas sete unidades e, a nossa denominação seria “Província de Amambáy” com Capital na Vila de Miranda..
Na primeira década do século XX, recomeçam os movimentos (agora, políticos), cujo auge acontece durante a “revolução constitucionalista” em 1932, quando o sul do Estado de Mato Grosso aderiu ao movimento paulista, contrariando a região norte que abraçou a causa federalista.
Desse rompimento, criou-se aqui no sul um Estado independente que foi denominado “Maracajú”, tendo como capital Campo Grande...
Com a derrota dos paulistas, desfez-se o sonho sulista e voltou tudo ao que era antes, no quartel de Abrantes...

Somente em 1977, O Presidente Geisel, assinou a lei que criava oficialmente o Mato Grosso do Sul, com base em estudos encomendados a diversos órgãos do governo que reconheciam a dificuldade de se governar o extenso território de Mato Grosso, observando-se a total disparidade cultural e econômica das duas regiões.
Para se ter uma idéia, o sul que hoje forma o Mato Grosso do Sul, tem seus costumes e sua cultura influenciada nos modelos paulista, paranaense, mineiro e com traços muito fortes do Paraguai.
Já o Mato Grosso remanescente é voltado a amazonia, dono de uma secular e rica cultura que o diferencia e identifica.
Há que se registrar que, os nascidos antes da instalação do novo Estado (1979), são mato-grossesnses- como é o caso deste locutor que vos fala- e os posteriores sim, sul-mato-grossenses.
Apegados a velha rixa dos tempos do divisionismo, os mais antigos e reticentes se auto denominam “mato-grossenses do sul”.
Hoje, os dois Estados, tornaram-se mais fortes e desenvolvidos provando que a divisão era um imperativo para a ocupação e desenvolvimento do todo.
Nasci mato-grossense..."Estou" sul-mato-grossense!
Coisas da geografia...
O importante é que a midia entenda de uma vez por todas que somos dois Estados: Mato Grosso (com capital em Cuiabá) e o nosso Mato Grosso do Sul (capital, Campo Grande), evitando assim a confusão que ainda existe na identificação dos dois Estados.
Mato Grosso do Sul... Onde a natureza canta!                                        
                               Edson Carlos Contar

Vejam... Que beleza a natureza!
Temos rios, temos grutas,
Temos aves e animais...
Vejam o arrebol mais lindo,
Gente sorrindo,
Tristeza, jamais!...

Quando chega a piracema,
Vê-se o milagre
Da multiplicação...
E nos campos da fartura,
Nova aventura,
Nova emoção...

Canta o pássaro mais lindo,
Uma flor desabrochou,
Tuiuiu se exibindo,
Pantanal se enfeitou!...
Grutas, rios, cachoeiras,
Água limpa pra beber,
Pedaço do paraiso,
Para todo o mundo ver...

Vem cá, vem ver!
Vem ver, vem ver...
Este céu de puro azul - lindo azul,
Onde a natureza canta,
E o turista se encanta...
É Mato Grosso do Sul...

Vem cá, vem ver!...

CAMPO GRANDE – A CAPITAL


Morena faceira,
Aventura mineira
Te originou...
De um rancho plantado,
Um progresso danado,
De ti se apossou.

Moderno traçado,
Avenidas floridas
E teus lindos parques
Te fazem aquarela...
No centro, espigões
No entorno, teus bairros
Com lindas mansões
Que te fazem mais bela.

Teus lindos teatros,
Espaços de Arte,
A feira, o mercado,
Tão originais
São marcas
Do arrojo
Trabalho de um povo
Feliz e orgulhoso
Dos seus ancestrais


Acolhestes estrangeiros
E irmãos brasileiros
Que se enamoraram
De tua beleza...
Aqui trabalharam,
Se multiplicaram,
E, hoje, um milhão,
Fazem  tua grandeza.

Morena querida,
Quero te apresentar
A mais um chegante,
Que vindo distante,
Aqui quer ficar.

Seja bem-vindo!...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ave Maria Do Pantanal
                           Edson Carlos Contar

Nhá Maria, mãe de Jesus...
Obrigado pelo dia,
Pela lida, pela vida,
Pela bóia e o tereré...
Obrigado pelo abrigo,
Pelo peão que comigo
Vai em comitiva com fé.

Que vosso filho amado
Perdõe o alongado,
Um marruá tão sozinho...
Mandai um anjo arribador,
Em nome de Nosso Senhor,
Trazê-lo de volta ao ninho.
E que o irmão carvoteiro
Tenha Deus como ponteiro,
Para guiar seu caminho.

Peço também à Senhora,
Que proteja a passarada
E toda essa bicharada
Desse imenso Pantanal....
E que em nossos ranchinhos
Habitem vossos anjinhos
Nos protegendo do mal.

Abençoai o fazendeiro,
O peão de boiadeiro,
O cantador, o violeiro,
E também o visitante.
Que se preserve a vida,
Nos rios e nos corixos,
Seja na cheia ou vazante...

E quando do anjo lá em cima
O berrante eu escutar,
Vou pro outro paraíso,
Na comitiva do juízo,
Para sempre, descansar...

Levai ao Pai minha prece,
E dizei que a gente agradece,
A Ele que nunca esquece,
Desse bendito lugar.

Amém...

*´Vocabulário Pantaneiro:
Nhá: Senhora, Dona
Lida: Labuta, trabalho
Tereré: Mate com água fria
Comitiva: transporte do gado pela região
Alongado: Fugidio- que foge para o mato
Marruá: Gado que extravia e se torna selvagem
Arribador: Que vai atrás do gado extraviado
Carvoteiro: preguiçoso
Ponteiro: Peão que vai à frente da comitiva - Guia
 

CORAÇÃO CAIPIRA
            Edson C Contar
Nem as luzes,  monumentos,
se comparam aos meus momentos
no distante pantanal...
É no sertão que me apego,
sinto cheiros, ouço a vida,
colho flores pra morena,
abraço a viola querida...
Lá, eu enxergo o horizonte,
sem esquinas, sem concreto,
sem maldades, sem invejas...
Sinto o meu mundo completo.
Na cidade eu me confundo,
parece até outro mundo...
Tanta gente, indiferente,
correndo atrás da ilusão...
Almas que nem imaginam,
 a magia do sertão;
o quanto é bom ser caipira,
mesmo que, um simples peão...
Vim porque a vida exigiu,
ando louco pra voltar,
coração bate saudade,
que as belezas da cidade,
não conseguem segurar...
Quero minha rede macia,
respirar a natureza,
ir pra lida sem temores,
viver toda aquela beleza,
que só existe no sertão,
em toda sua grandeza...
 O tereré, a passarada,
o carinho da amada
que não exige riqueza,
são tesouros que a cidade
desconhece de verdade,
nestes dias de incerteza...
Por isso quero voltar,
atender meu coração,
ouvir minh'alma caipira,
e morrer no meu sertão!

MULHER PANTANEIRA                             Edson C Contar

É na doçura dos silvestres favos mel,
Que ela encontra o sabor de ternos beijos,
E nos riachos cristalinos banha o corpo,
Que a brisa  seca em  leves sopros de desejos.

No arrebol avermelhado do horizonte,
Tinge sua pele em sedutora cor morena,
Da flora vem o seu perfume envolvente,
Que faz sublime a sua imagem tão serena.
 
Ao entardecer ela se encolhe numa rede,
Para ouvir minha viola em serenata,
E adormece a sonhar com a natureza,
Sob o luar que ilumina toda mata.
 
Neste cenário colorido que passeia,
Sente chegar outro nascer alvissareiro,
Do amanhecer a revelar toda magia,
No encantado e lindo mundo pantaneiro.
 
E quando o sol desponta forte sobre o rio,
É como um "flash" da natureza a espocar,
Fotografando a mais bela pantaneira,
Mulher faceira que transcende o versejar.
 
Ah! pantaneira... Não é à toa  o que contam,
Que não teria sido num lugar qualquer,
Que Deus criou  a amostra do Seu paraiso,
E nele,então, Ele inventou a tal mulher...
 
 

RANCHO DA POESIA
 
                  Edson C Contar
 
Sejas bem-vindo passante,
Chega-te aqui um instante,
Vem de perto conhecer
Meu ranchinho poesia,
No pantanal que, um dia,
Me viu, sorrindo, nascer...
 
É como uma lojinha
toda cheia de encantos...
Aqui se canta a poesia,
nascida neste recanto,
que inspira o pantaneiro
a debulhar acalantos.
 
Fica à vontade, amigo,
Escolhe o que quer sonhar.
Tem romance, natureza,
coloridos na beleza
deste bendito lugar.
 
Lê nas flores os versos,
Ouve o pássaro a cantar,
Admira este universo,
Deixa o vento te afagar...
 
Ouve a viola de coxo
lindas modinhas tocar,
Tira a donzela morena,
baila com todo afeto,
no chão de terra batida,
tendo estrelas como teto...
 
 
Leva contigo a saudade,
o amor, o bem-querer...
paga na nossa moeda
que se chama "sentimento"...
 o preço é "não esquecer".
 
 
PAPAI NOEL BOIADEIRO
-Edson Carlos Contar-
 
 
 Nas estradas boiadeiras não passa trenó, nem existem renas aqui, na planície pantaneira...
Quando muito, um ou outro parente delas, o galheiro do pantanal, aperece curioso pra ver a boiada passar e volta correndo pra mata.
O Papai Noel da cidade nunca se aventurou por aqui...
Aqui o nascimento de Jesus ainda é lembrado e as vitrines da cidade são substituidas pelas paisagens de cada canto desse paraiso natural, iluminado pelos pirilampos , decorado com incontáveis àrvorres enfeitadas em flores e frutos, na mais pura imagem de um verdadeiro Natal...
O coro dos pássaros parece entender o significado da data e parece mais afinado e harmonioso...
Até a onça, pia mansa nas ribanceiras... 
Em cada ranchinho, a mesa é farta em pães, feitos nos fornos de barro, frutos, doces de genipapo, manga, ariticum e o peixe que descansa, esperando a hora da Santa Ceia pantaneira.
Quando a noite vai caindo, as nhás e a criançada, ficam atentas ao som do berrante que logo
ressoará no horizonte, anunciando a chegada do peão boiadeiro,
vindo da lida, na comitiva que levou o gado pra longe, trazendo no alforge um regalo simples pra amada, comprado num dos bolichos beira
de estrada e brinquedos inocentes feitos pelos artesãos pantaneiros, para a gurizada.
Ele é o Papai Noel pantaneiro...Sem ilusórias prosas de santo...sem roupas estranhas...Tem barba cerrada,
chapéu de couro e viola de coxo cruzada nas costas...
Tudo aqui é natural, verdadeiro e realmente santo!
É um Natal de farto em amor à natureza, de vinho extraido a cada gomo das frutas e, do pão
sovado por braços valentes que preservam o quintal de Deus, aqui, nos confins de um brasilzão abençoado.
Abençoados peões, nhás e crianças pantaneiros, que Jesús seja sempre presente em vossa mesa!
Amém!