quinta-feira, 3 de março de 2011

 
PAPAI NOEL BOIADEIRO
-Edson Carlos Contar-
 
 
 Nas estradas boiadeiras não passa trenó, nem existem renas aqui, na planície pantaneira...
Quando muito, um ou outro parente delas, o galheiro do pantanal, aperece curioso pra ver a boiada passar e volta correndo pra mata.
O Papai Noel da cidade nunca se aventurou por aqui...
Aqui o nascimento de Jesus ainda é lembrado e as vitrines da cidade são substituidas pelas paisagens de cada canto desse paraiso natural, iluminado pelos pirilampos , decorado com incontáveis àrvorres enfeitadas em flores e frutos, na mais pura imagem de um verdadeiro Natal...
O coro dos pássaros parece entender o significado da data e parece mais afinado e harmonioso...
Até a onça, pia mansa nas ribanceiras... 
Em cada ranchinho, a mesa é farta em pães, feitos nos fornos de barro, frutos, doces de genipapo, manga, ariticum e o peixe que descansa, esperando a hora da Santa Ceia pantaneira.
Quando a noite vai caindo, as nhás e a criançada, ficam atentas ao som do berrante que logo
ressoará no horizonte, anunciando a chegada do peão boiadeiro,
vindo da lida, na comitiva que levou o gado pra longe, trazendo no alforge um regalo simples pra amada, comprado num dos bolichos beira
de estrada e brinquedos inocentes feitos pelos artesãos pantaneiros, para a gurizada.
Ele é o Papai Noel pantaneiro...Sem ilusórias prosas de santo...sem roupas estranhas...Tem barba cerrada,
chapéu de couro e viola de coxo cruzada nas costas...
Tudo aqui é natural, verdadeiro e realmente santo!
É um Natal de farto em amor à natureza, de vinho extraido a cada gomo das frutas e, do pão
sovado por braços valentes que preservam o quintal de Deus, aqui, nos confins de um brasilzão abençoado.
Abençoados peões, nhás e crianças pantaneiros, que Jesús seja sempre presente em vossa mesa!
Amém!
  
 

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